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quarta-feira, 25 de abril de 2012

127 ANOS DA MORTE DE NÍSIA FLORESTA.


Hoje faz 127 anos que o solo gelado e pedregoso de Rouen acomodou a esquife que conservou intacto o corpo de Nísia Floresta até 1954, ano em que foi trasladado para o Brasil. Calou-se uma filósofa que fez o mundo pensar e incomodou principalmente o sistema político brasileiro. Depois dela houve um grande silêncio e demorou muito para que outras mulheres - e homens - proclamassem ideias similares às dela. Ideias simples, mas por estarem à frente do tempo, soaram escabrosas, rendendo-lhe rótulos depreciativos, principalmente no Rio de janeiro, onde ela mais atuou.
Calou-se a voz que ...
* defendeu a educação brasileira,
* desmistificou a imagem preconceituosa do Brasil propagada por viajantes europeus na Europa,
* Condenou a escravidão muito antes de a Princesa Isabel nascer;
* Criticou o monopólio estrangeiro no Brasil;
* Condenou o autoritarismo do Governo Imperial;
* Enalteceu revolucionários brasileiros,
* Mostrou um índio real, diferente dos propalados pela literatura brasileira e por viajantes estrangeiros que por aqui passavam;
* Afrontou o governo brasileiro, pedindo-lhe a criação de leis que dessem às mulheres os mesmos direitos dados aos homens;
* Conclamou o povo brasileiro a pedir a mudança do regime monárquico para o regime presidencial;
* Defendeu a liberdade de culto;
* Defendeu a liberdade de expressão;
* Defendeu a federação das províncias, enfim falou o que bem quis e – inexplicavelmente – passou meio “despercebida” às guilhotinas e forcas tão comuns. Tantos anos se passaram e, inacreditavelmente, a norte-rio-grandense corajosa que se calou – parece não ter inspirado muitas pessoas em sua própria terra, pois, em pleno século XXI, muitas das causas defendidas por ela permanecem silenciadas, inclusive por autoridades detentoras dos mecanismos capazes de vivenciar o que ela escreveu.
Muitos permanecem em silêncio.
Silêncio covarde.
Silêncio triste e vergonhoso.
Silêncio permissivo.
Muitos se calam para não desagradar alguém, para não ver um membro da família perder um empreguinho submisso aos grilhões invisíveis. Muitos se calam para não ficar de fora de um esquema que favorece apenas os aficionados.Muitos se calam por ainda não terem se libertado de uma cultura asquerosa que as fazem temer aos que estão no poder...

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